terça-feira, 10 de junho de 2008

Definir a Investigação-Acção

A investigação-acção é relativamente recente e o seu desenvolvimento tem sido muito conturbado devido à ideia tradicional de que a investigação deve ser conduzida por profissionais independentes do objecto a ser investigado. O conhecimento profissional prático é muito complexo e a sua utilização como alavanca de mudança poderá conduzir não só a melhorias pessoais e profissionais mas igualmente a melhorias nos contextos profissionais através da reflexão individual que orienta a compreensão da prática profissional.
Quando surgiu a investigação-acção?
Sendo uma metodologia de investigação que contraria a investigação tradicional, a sua aplicação tem sofrido avanços e recuos de acordo com os contextos político-sociais do momento. Assim, apesar de ter dado os seus primeiros passos nos E.U.A., esta metodologia “hibernou” posteriormente durante alguns anos ressurgindo mais tarde em diversos locais do mundo. De qualquer modo, a maioria dos autores atribuem a sua origem a Kurt Lewin, nos anos 40 do séc XX.
O que é a investigação-acção?
Considerando que as melhores definições que se podem dar desta metodologia são as que lhe são atribuídas pelos seus autores, vejamos as que nos são fornecidas por Elliot, Rapoport, Halsey e Bogdan e Biklen.
Para John Elliot, a investigação-acção estuda uma situação social com o propósito de “melhorar a qualidade da acção que nela decorre”. Assim, o objectivo é o de melhorar a qualidade de uma determinada acção. Essa melhoria só pode ser conseguida aprofundando o conhecimento desta mesma acção e é com o intuito de aprofundar esse conhecimento que se desenvolve a investigação.
Rapoport considera que é a existência de uma situação problemática que desenvolve nas pessoas envolvidas nessa mesma situação a necessidade de tentar resolver as suas preocupações. Assim, estabelece-se uma ligação entre as pessoas envolvidas na acção e o investigador que colaboram mutuamente articulando a prática com a teoria.
Para Halsey, a investigação-acção é uma intervenção teórica em pequena escala para melhorar o funcionamento do mundo real (prática).
Por outro lado, Bogdan e Biklen enfatizam a importância do método científico de investigação, mesmo no caso desta metodologia, salientando que a promoção das mudanças sociais que se pretende com a investigação-acção devem advir de recolhas de informação sistemáticas.
James McKernan sintetiza as ideias defendidas pelos seus antecessores considerando que a “investigação-acção é uma investigação científica sistemática e auto-reflexiva levada a cabo por práticos, para melhorar a prática”
Bibliografia:
Máximo-Esteves, L.(2008) Visão Panorâmica da Investigação-Acção, Colecção Infância, Porto Editora.