segunda-feira, 30 de junho de 2008

Reflexão sobre o processo de investigação

Ao iniciar uma investigação, o investigador deve procurar trabalhar um assunto que lhe desperte interesse e, simultaneamente, um assunto que seja do interesse público e cujo estudo possa trazer mudanças e novos conhecimentos. Todo o processo de investigação deve ser previamente planeado de forma a que o tempo – que normalmente é escasso – seja convenientemente gerido e exista uma determinação prévia do método de investigação a seguir. Essa escolha irá orientar a escolha dos instrumentos de recolha de dados – que devem ser validados antes de aplicados – e do tratamento de dados a executar. Todas estas decisões devem ser tomadas com cuidado para que sejam o mais benéficas possível para o processo de investigação e para que seja assegurada a sua ética e, consequentemente, a sua validade e fiabilidade.

Validade e fiabilidade

A validade consiste na certificação de que os instrumentos utilizados garantem que se atinjam resultados coerentes e passivos de serem aceites numa determinada investigação enquanto que a fiabilidade é a certificação de que os dados recolhidos correspondem à realidade.
Só a conjunção destas duas certificações permitem com que todo o trabalho de investigação desenvolvido apresente utilidade para a comunidade e espelhe a competência do investigador no seu papel.

As principais diferenças entre a investigação qualitativa e a investigação quantitativa




Etnografia e estudo de caso

A investigação etnográfica consiste no estudo por observação em campo do fenómeno sociocultural. O investigador etnográfico estuda uma comunidade e selecciona, dentro dessa comunidade, participantes no estudo que podem propor outros participantes que sejam importantes na comunidade. O principal instrumento de recolha de dados é a entrevista e o objectivo do investigador é de obter perspectivas comuns (ou não) dentro da comunidade sobre um determinado tema.
Os estudos de caso são particulares, não podem ser generalizados e têm como objectivo estudar uma determinada população. O estudo é feito sobre a situação de uma comunidade num determinado momento, a comparação entre duas comunidades relacionadas no mesmo momento ou a comparação dentro da mesma comunidade em diferentes momentos do tempo. Muitas vezes os investigadores, neste tipo de abordagem, acabam por descobrir variáveis em diferentes aspectos sobre as quais não tinham considerado o estudo mas essa é apenas uma das vantagens que permite enriquecer a investigação.

Programa de análise de dados qualitativos

A investigação qualitativa envolve instrumentos de recolha de dados – como a entrevista ou a observação – cujo tratamento é de difícil operacionalidade.
Há menos de 3 anos surgiu, na Universidade de Pittsburgo, nos Estados Unidos da América, um programa de codificação e análise de dados recolhidos por métodos qualitativos, o QDAP (Qualitative Data Analysis Program). Este programa propõe-se a tratar dados obtidos em entrevistas, notas de campo, transcrições de grupos de focus, blogs, documentos históricos e outras fontes de dados não tratados. O programa promete melhorar a validade dos resultados bem como a sua fiabilidade. Os técnicos que trabalham com o QDAP estarão em contacto directo com os investigadores que pretendam utilizar este programa para os aconselhar sobre a melhor estratégia de codificação para os dados que pretendem trabalhar.
Este programa tem disponível, no seu site (http://www.qdap.pitt.edu), informação, em regime de tutoria, sobre um novo kit de análise desenvolvido pelos seus técnicos, o CAT (Coding Analysis Toolkit), a que pode ser acedido pelos utilizadores online.

sexta-feira, 27 de junho de 2008

A ética na investigação em educação

O comportamento ético do investigador tem de estar presente em todas as fases do processo de investigação.
Assim, os investigadores em educação não podem falsificar ou alterar os dados de uma pesquisa e devem respeitar os direitos de autor de todo o material que lhes for fornecido. Devem transmitir os resultados obtidos a todos aqueles a quem os mesmos possam interessar com o cuidado de não generalizar conclusões que não possam ser generalizadas.
Os investigadores devem manter a confidencialidade dos participantes na investigação e estes devem ser informados de todas as possíveis consequências que possam advir do processo. Deve haver igualmente o cuidado de evitar danos ou constrangimentos nos participantes como consequência da investigação.
É importante, para que os resultados da investigação possam ser validados, que o investigador seja coerente e objectivo em todos os passos da investigação, elaborando entrevistas que não conduzam os entrevistados às respostas que o entrevistador pretende obter e seleccionando os participantes de forma isenta e representativa.
Além destas normas éticas é essencial que o investigador tenha presente as leis de direitos de autor a que se encontra obrigado e a necessidade de autorização de todos os intervenientes para utilização dos dados obtidos através dos mesmos.

Análise bidimensional

A análise bidimensional permite a elaboração de considerações relativas a duas variáveis em torno do mesmo objecto. O problema coloca-se com a relação que se pode estabelecer entre duas variáveis do mesmo tipo – ambas qualitativas ou ambas quantitativas – ou entre variáveis de diferentes tipos – uma qualitativa e outra quantitativa.
Devem, então, elaborar-se quadros com duas entradas. Imaginemos, por exemplo, que estamos a estudar o recurso à Internet pelos professores das turmas de 10º ano. As nossas duas variáveis são a disciplina leccionada pelo professor – uma variável nominal – e a frequência de utilização – uma variável que pode ser ordinal. Podemos, então, construir o quadro que está ao lado.
E como vamos agora determinar a frequência? Relativamente à linha, à coluna ou ao total? Depende do objectivo. A determinação da frequência relativamente à linha ou à coluna é condicional à respectiva linha e coluna, a frequência relativamente ao total dá-nos a ocorrência da simultaneidade no total.
No caso de variáveis quantitativas, também se podem fazer associações entre tabelas. Um dos instrumentos de apresentação destes resultados é o gráfico de dispersão. Imaginemos que queremos saber dos alunos de uma turma, a relação entre a média geral do aluno e a nota de Física e Química. O gráfico de dispersão teria o seguinte aspecto:
Podemos, depois, estabelecer o coeficiente de correlação que nos dá a relação entre as variáveis num intervalo entre -1 e 1 em que 0 corresponde à ausência de relação, valores próximos de 1 indicam forte relação positiva e valores próximos de -1 indicam forte relação negativa. O coeficiente de correlação é dado por:
corr(X,Y) = (1/n)S[(xi-x)/sx][(yi-y)/sy]
, onde: x é média de X
y é média de Y
sx é desvio padrão de X
sy é desvio padrão de Y